terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Não sei, não quero saber...

Não sei, não quero saber, e que quem saiba não me conte!

Tenho observado com mais critério, ultimamente, uma situação
recorrente nos relacionamentos atuais. É o desejo exagerado e a
valorização equivocada que muita gente tem nutrido acerca da
"transparência".

Tenho ouvido várias pessoas afirmando categoricamente que
preferem saber de tudo o que seus parceiros fazem, ainda que
isso sirva sobretudo para dilacerar sua alma, destruir seu coração
e pisotear sobre seus valores.

Isso sem falar do Orkut, um 'site-vitrine' exposto, por algumas
pessoas, de modo leviano, e transformado num mundo de
fantasias absurdas. E se não bastasse a construção diária de
tamanha ilusão, milhares de pessoas se deixam influenciar por ela
para fazer escolhas importantíssimas em sua vida!

E o que vemos, por fim, é o resultado de desejos enrustidos e
tentativas 'mortas', mascaradas, carentes de coragem, verdade e
força para se tornarem concretas. Claro que existem vantagens
de se usar o Orkut, mas é preciso maturidade para usufruir delas!

Enfim, vivemos a era da transparência, mas nem sabemos o que
isso significa e para quê serve. Queremos saber da vida do outro
sob a justificativa de que somos sinceros e desejamos
reciprocidade, de que preferimos agüentar a dor da verdade a
imaginar a hipótese de estarmos "sendo feito de bobos".

O que é isso?!? Desde quando estamos prontos para uma
verdade que, no final das contas, nem existe? Desde quando o
humano é passível de tanta transparência?!? Não sabemos nem
de nós mesmos, o que dirá do outro!!! Mudamos de idéia,
pensamento e até de opinião o tempo todo e queremos que o
outro nos passe relatório de seu mundo interior!!! Como assim?

E depois não entendemos por que estamos tão neuróticos, tão
depressivos, tão ansiosos, tão estressados... Desejamos uma
verdade sem nos darmos conta de que, para conhecê-la,
precisamos antes investir em nosso amadurecimento, em nosso
equilíbrio, na consciência superior de quem somos e o que temos
para transparecer ao outro.

Mas, não! Simplesmente almejamos a utópica sensação de poder,
de controle, de manipulação acerca do futuro e da vida alheia... e
o que conseguimos? Frustração, decepção, brigas, cobranças,
desentendimentos, rompimentos, lágrimas, ofensas, desrespeito e
humilhações.

Não estou defendendo nenhuma das partes: nem a que constrói
uma fantasia sob o rótulo de verdade e nem a que se corrói por
descobri-la, como se acabasse de encontrar um mapa do
'tesouro'. Tudo o que temos encontrado, nestas buscas insanas e
infantis, está mais para bomba-atômica do que para algo que se
pareça com alguma verdade ou tesouro.

Sugiro que, antes de saber, querer saber ou perguntar a quem
sabe sobre o quanto o outro tem sido sincero, transparente e
verdadeiro conosco, consigamos responder a nós mesmos quais
são as nossas verdades, o que temos feito para ser
verdadeiramente transparentes. Com que intensidade e por
quanto tempo podemos manter um determinado sentimento, uma
opinião ou uma circunstância...

E que todos nós, em alguma medida, seguindo o ritmo de nossa
maturidade, percebamos que mais importante do que saber tudo
sobre o outro é nos mantermos focados em nossas intenções, no
desejo real de viver o que há para ser vivido... e a verdade do
outro será apenas e tão somente uma natural conseqüência...

Que paremos, de uma vez por todas, de nos deixar influenciar por
fantasias ou - pior - de investir tanto tempo construindo fantasias
por conta própria, seja sobre nosso próprio mundo, seja sobre o
mundo do outro.

Porque a transparência de fato não está no que ele diz ou faz,
nunca! Está dentro de cada um; em cada uma das escolhas que
fazemos a cada instante, e que tantas vezes nem percebemos...

Estarmos um pouco mais atentos às escolhas que temos feito e,
assim, sabermos um pouco mais sobre nós mesmos, é o que
realmente importa!

Rosana Braga

Rosana Braga é Escritora, Jornalista e Consultora em
Relacionamentos Palestrante e Autora dos livros "Alma Gêmea -
Segredos de um Encontro" e "Amor - sem regras para viver", entre outros.
www.rosanabraga.com.br
Email: rosanabraga@rosanabraga.com.br





segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Os arrogantes

Defeitos, quem não os tem? Há os avarentos, os mal-humorados, os fofoqueiros, os mentirosos, os chatos. Não os expulsamos a pontapés do universo porque todos nós, com maior ou menor freqüência, um dia também já fomos pães-duros, já passamos uma maledicência adiante e já torramos a paciência alheia.


É preciso ser tolerante com os outros se queremos que sejam conosco, não é o que dizem? Então, ok, aceitam-se as falhas do vizinho. Mas arrogância não tem perdão. E os arrogantes não são poucos. Façamos aqui um retrato falado: são aqueles que andam de nariz em pé, certos de que são o último copo d'água do deserto.


Aqueles que são grosseiros com subalternos, que empolgam-se ao falar de atributos que imaginam ser exclusivos deles, os que furam a fila do restaurante e tomam como ofensa pessoal caso sejam instalados numa mesa mal localizada. São os que ostentam, que dão carteiraço e que sentem um prazer mórbido em humilhar aqueles que sabem menos - ou que podem menos.


São os preconceituosos e os que olham o mundo de cima pra baixo. Será que eles acreditam que são assim tão superiores? Lógico que não, e isso é que é patético. Os arrogantes são os primeiros a reconhecer sua própria mediocridade, e é por isso que precisam levantar a voz e se auto promover constantemente. Eles não toleram a porção de fragilidade que coube a todos nós, seres humanos, e não se acostumam com a idéia de que são exatamente iguais aos seus semelhantes, sejam estes garçons, porteiros da boate ou executivos de multinacionais.


Dão a maior bandeira da sua insegurança. O arrogante acredita que todos estão a falar (mal) dele, lê entrelinhas que não existem, escuta seu nome mesmo quando não foi pronunciado e, ao descobrir que não é mesmo dele que estão falando, aí é que morre de desgosto. Todo arrogante traz um complexo de inferioridade que salta aos olhos. Sempre tive um pouco de pena deles pelo papelão que desempenham em público.


Dizem que Naomi Campbell entra nas melhores butiques brasileiras, escolhe algumas roupas e sai sem pagar, acreditando estar enaltecendo a loja com sua simples presença no estabelecimento. É uma arrogante folclórica e inofensiva. Atentos devemos ficar aos arrogantes armados: os que invadem países, os que destroem quem atravessa seu caminho. O caso do juiz cearense é típico: quis entrar num supermercado que já havia fechado e o vigia teve a petulância de tentar impedir. Levou um tiro, claro.


Que o juiz alega ter sido acidental, sem explicar a razão de, depois de disparar, não ter nem ao menos olhado pro cadáver e ter ido direto às gôndolas atrás do que queria comprar: cerveja, gilete, sorvete, sabe-se lá o que lhe era tão urgente. Repare bem: quase todos os atos de violência são protagonizados por um arrogante que entra em pânico com a palavra não.


Mais vale a lágrima da derrota do que a vergonha de não ter lutado, por isso lute por tudo aquilo que sonhaste, mesmo que te custe uma lágrima derramada! A vitória mais bela que se pode alcançar é vencer a si mesmo.


Martha Medeiros



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